
“Se chove, não há o que fazer...” pensou Romildo, ao programar todo o seu fim de semana. Olhou para a janela. Ainda quarta-feira. Será que a volta que aquele bando de pássaros fez abaixo dessas nuvens grossas quer dizer algo? O chão não tem como umedecer mais do que isso, e as gotas insistem em ali tentar se alojar. Mas o calor deve estar perto, afinal, essa bruma não deve ter vindo dos céus... é o calor da terra. Ou a fumaça do inferno? Eu sabia! Não devia ter amarrado o rabo do gato da vizinha quando era criança! Agora, quando eu queria sol, calor, o único que me atende é Lúcifer!
Foi o sol, daquele dia, que preparou tudo! Como vou fazer sábado? Se as nuvens gostarem de permanecer assim, mais cinzas, mais baixas, mais paradas que poste de luz! Luz! Quero luz, luz do sol de preferência, essa fluosforescente econômica tá encarecendo minha conta no oculista. E se ligasse pra Funai? Será que eles não vendem dança da chuva, ou melhor, da não-chuva, para arrecadar fundos pros índios? Olha.. vou lançar essa idéia! Mas e esse fim de semana!? Se chove, não há o que fazer...
Melhor me concentrar no objetivo do que ficar analisando a cor e peso do dia.
Gisele Voss – 27/06/08... numa sexta feira de tarde chuvosa (manha, tarde, noite, madruga.. sempre chovendo..)
Foto: Contação de história no Sesc, "Não" e "Não sei, sim." se protegendo da chuva feita com os dedos dos ouvintes...