A rua escura, dois tubos de luz, e só quem passa vê a sua frente.
Araucárias vermelhas me lembram... lembram amor... amor? ? ?
Amor sem nome.
Vontade de se apaixonar até por quem já disse não.
Vontade de contar pro mundo a história do filme francês.
Vontade de escrever aqui, no lençol de mudança, vermelho da cor do céu úmido.
Do tom que entra no quarto que não é/era meu mas me recebe.
O caderno que me escuta se ilumina pela foto na tela, fonte de luz para a caneta.
E nesse instante a luz dela também se apagou.
Sistema programado para poupar energia. Energia. Energia.
re-Ligo, posiciono.
A foto me mostra pessoas de duas semanas, em afeto, em quantidade e qualidade.
Em chão de ginásio, em círculo, amarelo.
"Um lugar na platéia, nem longe, nem perto" Jéssica quer em Paris.
E eu? E Teresa?
A foto agora mostra minha paisagem, minha visão do aqui-agora.
Ali na porta perguntam: "Gi, tá dormindo?
e eu: "Não... pode entrar."
mas ninguém entra.
Deve ter pensado: "No escuro, sem energia elétrica, esse silêncio no quarto, deve estar dormindo..."
Acho que queriam me convidar para jantar.
Como explicar que estou escrevendo no escuro, e as fotos da memória instantânea me dão luz?
Sorrio.
Vontade de ser.
Sou.
Sou sem saber, vivo a ser...
O filme não era Amelie, mas nesse dia de chuva que cai devagar, na luz do céu vermelho de nuvens inteiras, sinto vontade.
Vontade de me apaixonar em um leilão de artes, de atravessar uma nova rua, de conhecer assim, por estar aqui, por não estar mais lá.
Não sou francesa, não estou em Paris.
Sou eu, estou aqui.
22 de abril de 2009. escrito entre 21:57 e 20:12 (no caderno no escuro, esqueci que podia usar o laptop na bateria... ah, não teria essa "poesia".)
fotos:
21:54 visão da minha janela, sem flash, auto.
20:12 visão da local da escrita, com flash, afinal...
12:53 (duas semanas atrás) COREPSUL Velho Oeste.
21:57 visão da minha janela, sem flash, ISO high sensitivity.