14.10.09

No. 67 - Não gosto de mundo líquido


Eu vi Teresa, e foi tão bom.
Mas agora ela não tá aqui.
Ela não gosta de me ver assim.
Ela sabe não me encaixo nesse mundo.
Ela viu que as tentativas de gole do mundo líquido
foram virando chá quente e evaporou.
Até parecer que não tinha aquele líquido
em nenhum momento.

Eu provei e não gostei.
Não quero relaçoes líquidas sem poder tocar.
Que escorre, que evapora, que cabe num copo,
meio cheio, meio vazio, furado.

Quero relações concretas
sem precisar de nome
nem de regras
nem de prisão ou punição.
Quero estar livre para
ter um nome para pensar
um afeto para sentir
sem medo do nada.

Não precisa ser de concreto,
tijolo, parede.
Precisa ser de olho
toque
tato
contato.
Encontro de encontro
sem fuga
esquiva
ou desrespeito.

Sem recional que pensa em si sem pensar em si como se é.
Pensar como se quer, sentir sem querer.
Se boicotar.
Boicote é um nome que soa feio.
E que funciona fail,
é ruim, é placebo.
Nunca tem o efeito esperado.
Não quero placebo
sentimento placebo
só funciona se...
não.
não funciona.

Não há sentimento placebo.
Sentimento é que nem droga.
Sempre faz efeito,
mas às vezes não o esperado,
e as reações adversas disfarçam a emoção.
Razão atrapalha.
Não, razão ajuda.
Guia, segura.
segura uma placa de recado:
"Não está na hora."
Tenho problemas com placas e obediência.
Ignorei/enganei a mim.
Deixei que o afeto se estabelecesse,
mesmo que em líquidos e essências.
Agora, parei.
E li as placas.
Quero aquecer na minha vida e liberdade,
até que a chaleira comece a chiar e o vapor me esvaziar.
Me esvaziar de um afeto que não me quer
no mundo que tento viver.

Hoje minhas mão falaram que minha vida é/será
cheia de momentos estranhos.
Senti que tenho linhas leves e sutis.

Eu sou fera em jogar imagem e ação,
e não preciso que me falem.
que me digam o que tá acontecendo,
ou de explicação.
Há cenas que se lê em silêncio.
Há cenas que se sente em tato.
Há afetos que se prova, que se prova com a língua.
E se eu gosto do sabor de algo que todos gostam?
Eu sei gostar de sabores mais exóticos e únicos.
Vou buscar esses, nem que encontre uma receita especial, que só eu conheça.
Com ingredientes que os outros podem achar amargos ou azedos.
Ou doce demais.
Mas que eu goste.

Foda-se tudo.
"Tô vivão/vamo vivê."*

Escrito no dia 13, na noite 13, no final dela...
Fotos do camping do EREPSUL...
*música da Trilha sonora do gueto...

4 comentários:

  1. Quando terminei de ler a primeira coisa que me veio a cabeça, a boca e nos dedos foi
    bahhhhhhh....
    Depois do bahh, pensei e pensei e pensei: sera que tem como?
    Acho que tem viu!
    E Estela, Teresa, Flavias e Giseles querem isso...as vezes sito que não mais tempo pra ter seguranças que naum seguram.....entendeu neh??!!!

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  2. ai...(suspiros)qm foi q inventou esse mundo liquido de relações vazias?eu tava aki qd fizeram isso?
    sim e já sofri mto por isso e provavelmente ainda sofrerei, como td ser humano q tenta se adaptar a um sistema de pessoas q fingem ser fortes, modernas e autosuficientes mas na verdade tds queremos o mais simples ...sim, o olho, o tato, o entregar-se, o dividri e importar-se...pensar em relações não deveria ser tão complicado...ao menos no meu mundo

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  3. Uau! Belo escrito! Parabéns a poetisa...

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Comentar é ótimo.. pois tudo é uma surreal construção coletiva...