29.12.08

No. 38 - Gosto de tijolos

Os tijolos ou o arco-íris

O poeta e sua arte se liberam de certas ............. A rima e a poesia deixam para o leitor - esse ser alheio - a função de as entender.
Esse exercício pode prejudicar o objetivo do poeta, ao permitir que a subjetividade do leitor encaminhe os sentidos.
O ler-sentir de uma poesia é um devir.
Nas armas, os óculos, a caneta, a metáfora, a métrica, os ricos vocábulos, a subjetividade...
Armas que atingem a quem? A que?
Se a leitura-sentido for igual à escrita-sentimento, o alvo é certeiro, se não houver escudo.
No entanto,
Nem sempre o que o poeta quer é que o leitor sinta-pense o mesmo.
Pode simplesmente largar as armas, e deixar na poesia só sensações sem direção, sem seguir uma estrada dos tijolos amarelos.
Vislumbrar o arco-íris, ao longe... já basta.


23:43 - 28/12/2008

Gisele Voss

foto by GiLian, a caminha de Tapejara City

6.12.08

No. 36 - Gosto dos meus amigos

Dessa vez não vou falar de Teresa, nem procurar palavras em poesia...
Deu vontade de escrever, assim, o que estou pensando.. como faço em meu caderno, em cantos de xerox de estudos, antes de dormir...
Dizer que gosto dos meus amigos... Claro, deve ser comum isso, gostar dos amigos, da família. Ok, então sou normal.
Mas ainda bem, meus amigos não são tão normais. Não, não que eles sejam loucos, ou não sejam, até porque loucura não é o contrário de normalidade.
Não ser normal para mim não é seguir as normas, também não quer dizer desrespeitar as regras. É saber quais são importantes seguir, e quais são importantes só saber que existem, para definir bem como quebrá-las.
É bom saber que posso tirar o sapato e ficar de cabelo desarrumado, pular se der vontade, falar besteira, e saber que mesmo assim me aguentam. E tem até os que me gostam...
Se bem que tento não exagerar, pra não descobrirem os limites de minha chatices, e continuarem convivendo pacificamente.
É bom sentar do lado, e não fazer nada.
Ligar e dizer o que deu certo, e demorar pra contar o que não deu.
É divertido ter tudo pra fazer, e deixar pra depois, pra ouvir a amiga no fone.
É estranho pensar que amizade permite ter todos os sentimentos, e não dar tanta briga quanto namorados fazem.
É colorido ver quantos seres participam do nosso dia.
É bizarro parar e olhar, quando esses amigos decidem falar as maiores besteiras, como se estivessem dando uma palestra.
É delicioso, depois de ver tal palestra, rir sem ter medo de ofender.
É curioso como a gente se permite entre amigos.
É tanta coisa que cansei de achar palavras... eu ia falar sem esses esquemas de escrever bonito...
mas como não escrever bonito de algo que é assim.
Amizade pra mim, seja de perto, de longe, de telefone, de sala de aula, de sala de estar, de sala de espera, de sala de... é bonita.
E assim sinto-me perto dos meus avessos, mesmo sendo um avesso que não dá pra ver todo dia, mas que canta Stop Right Now na frente de uma revendedora de carros, ou que manda scrap convidando pro evento do dia seguinte, nem que leve 3 dias de bus pra chegar lá, ou que é amizade que o sangue permitiu conceber, ou é assim, amizade sem referência bibliográfica, mas cheia de citação no meu orkut hehehehehehehe

Amo vocês, até os que não leem meu blog, ou os secretos que não comentam, ou os que nem sabem ler ainda hehehe

E amo, sem ter vergonha de sentir isso.

06/12/2008... pois é, em dezembro.. será culpa do fim do ano, da proximidade da nova idade, ou dos tempos que virão?
p.s não coloquei foto... nem senti necessidade.. parece que vejo rostos e risadas, ou até sorrisos amarelos, quando leio essas frases...

5.12.08

No. 35 - Gosto de Teresa III


Teresa insiste em encontrar sua vaga, já não mais vagarosamente.
Elas somem, diminuem, dificulta, e Teresa precisa ir mais longe.
Porém, insiste na mais próxima, neste enquanto.
Acelera, cuida, descuida, estoura.
Volta a vagar, divagar devagar.
Desacelera, respeita o ouvido, sensibiliza o paladar olfato.
Sensível, seduz, seduzida, reduzida a som e luz.
Sem pressa, pressão, pressiona levemente o botão preso.
Vagarosamente, espera sua vaga.
O acelerador não procura. O freio, não mais usa.
E no trajeto, ignora o ritmo interno, sai.
Perde o sono, sonha lento.
Na calada, muda canta, Teresa.

Hoje, 5 de dezembro, 11am, ao despertar.

1.12.08

No. 34 - Não gosto de dilúvio

do seco ao molhado o chao escorrega, e o que escapa do tombo, nao consegue rir do outro.
o que fazer se, ao olhar pra trás, o que era já foi. E nada ali resta igual.
e nisso o turbilhão de sentimento sopra forte pra onde nao se sabe, empurra, avante.
quem vai, vive novamente. quem fica, vive ainda na busca do antes.
igualmente nao há, e sim o diferente ali se instala. não novo, menos igual.
inspira, respira, despira. despede-se de quem não escolheu nem ir nem ficar. sem opção, partiu.
quem decide por si tem sorte. desce, por vontade, ou cresce, ao deixar também o outro decidir.
e o que resta, é sangue, saque, seque. úmido e com medo da sede.
bebe, come, deita, dorme. respira, que a nuvem espera.

02/12/08
pensando no litoral...