30.3.09

No. 47 - Gosto de ser dinda

Curitiba, 24 de março de 2009.

Lucas,

Estou te esperando.
Neste instante você deve estar nascendo (18:57), é o que as batidas do meu coração dizem.
E meu amor por você já vem sendo construído, em pedacinhos de quebra-cabeças, que vamos jogar muito juntos.
E o carinho que podemos ter um pelo outro, ser dará de forma muito fácil. A gente vai aprender brincando juntos.
Porque você ainda tem muito o que me ensinar. Eu sou uma pessoa que gosta muito das outras pessoas. Mas amor de madrinha eu NUNCA experienciei. Nem madrinha de outro grau (nem de crisma, nem de formatura de dança gaúcha).
Você, Lucas, vai ensinar a sua tia, como é te amar. E espero que a troca seja simples.
Acho que você vai se acostumar com as loucuras dessa tia...
E terão mais tias e tios a sua volta, e todos vão brincar de troca contigo.
Uma troca intensa de muito amor e carinho.
Fica tranquilo, que esse mundo doido vai te agradar.
A gente vai poder ver ele do jeito que você vai ter de ver. E ouvir, sentir, tocar, degustar, cheirar...

É divertidííssimo! Ainda mais com as caras, bocas, sons, cheiros e movimentos que os adultos fazem! Sua diversão está garantida.
Iii, tem tanta coisa que você vai descobrir Lucas, que a dinda aqui, com certeza, não vai estragar a brincadeira e contar tudo agora.
Eu te espero para re-descobrir o mundo com teus olhos.

Já te amo.

Gi
19:04

22.3.09

No. 46 - Gosto de Teresa VII

E Teresa encontrou com a TPM.
Sim, por que ela vem de tempo em tempo.
E tudo que é do tempo encontra ela.

E nesse tempo vem também capuccino,
quando o dia parece metade.
Guarda chuva laranja,
curando o resfriado.


E nesse tempo vai também o que sobra,
e o que falta fica.
Falta
E abre espaço.

Em espaço aberto o tempo se dispersa,
e a TPM some.
E leva Teresa à procura,
passa em tubos, biarticulando.
Aberto o espaço, o tecido se abre,
e Teresa senta, articula.
Sem o tempo perder, a terra toca
o pé suja.

Brancas asas braços bandeiras,
gira enquanto as peles ressoam.
Teresa esquece o tempo,
no pouco tempo que se deixa.

Volta fica.
Em volta.

22 de março de 2009

10.3.09

No. 45 - Gosto da fantasia


HOJE , minha prima de 5 anos, me contou um segredo, que ela acabou de descobrir... com cuidado, com sussurro, com risadas de vergonha...:

Celina diz: (com as mãos em concha tocando meu ouvido)

- eu... rsrsrs... acho que você...que a Aspirina...(pausa)...que... você se fantasia de Aspirina!

Eu digo: (com olhos atentos, sorriso orgulhosa e aliviada com o carinho que a descoberta se deu)

- E você guarda esse segredo?

Celina: (risonha e com olhos brilhando mais que os meus)

- ahãm! ...(pausa)...Gi... e sabe o que a Aspirina fez no meu aniversário? Pegou um bebedouro de brinquedo, que ainda estava fechado na caixa, e oferecia água pros outros... rsrsrsrsrsrsrsrs


(meio dia de hoje)(esse almoço foi lindo... levei ela então na escola, como Gisele)
(fotos da aspirina e maria celina... a superior na escola dela em outubro de 2008, e a inferior no seu aniversário, fevereiro 2009)

4.3.09

No. 44 - Gosto de Teresa VI

Cadê Teresa? "Eu vi Teresa, e ela não estava debaixo do pé de mamangava.."
Ela estava sobre os pés de maracatu.
Sem ver, gira. Sem medir. Desmedida, acompanha a percussão. Sorri, desequilibra e as mechas movem em perfeita harmonia.
Verde escuro noite. Azul vermelha manhã.
Nascer crepuscular.
Dançar sem couro, olhar sem ver.
E nada parece ter o mesmo sentido que antes.
Cerra os cílios. E enxerga de novo. Novo.
Nova vive em si em tudo todo, o todo.E o tempo... permanece sob o pé de mamangava, a passar em fatias de bolo.

escrito às 22:02 - 28 de fevereiro de 2009.
fotos do carnaval na ilha do mel e do passeio no parque barigüí.

1.3.09

No. 43... não gosto de dar tchau


post (des)atualizado...pq foi escrito dia 11-02-09, pouco depois de chegar em CTBA... mas sempre é atualizado em sentimento...

No ônibus, me senti em poesia.
A lua cheia, cortada pelas árvores ritmadas com o motor, me dizia tantas coisas...
A lembrança ainda fresca, dos abraços e sorrisos.
da equipe de compania, e até de arrumar malas, ler frases, comprar calcinha, cantar a música da coruja no meio da rua, de secar lágrima e apertar forte.
Do olhar apreensivo e apoiador daqueles que me criaram, o primeiro tchau da semana na porta, de quem terá meu afilhado pra criar.
Da conversa com a cadela, no portão. Do olho negro, que reluziu a lua cheia, e me entendeu.
A última olhada na parede... na fita azul... nas lembranças de outros tempos que colei ali.
De momentos que passei em casa, mas também de muitos lugares que já fui.
Esse nomadismo de sangue me mostra que essa viagem mais longa, será boa. Só depende de mim.
(se bem que... se todo homem é uma ilha, a minha não é do tipo ilha deserta)
Acho que vou me permitir pensar nisso agora, nas lembranças, nos amigos, de sangue ou de caminho, antes de me preocupar com o que me aguarda.
Semana que vem as aulas começam, e acho q o tempo vai dizer quando não serpa hora de escrever só sobre as lembranças.

foto no bus pluma, na vinda... tirada da poltrona 23, de um vidro embaçado da hora que coloquei o nariz pra tentar dar tchau além do que podia